segunda-feira, 24 de março de 2014

Sérgio Belleza: Educar, por quê?

Início de ano, vida nova, início das aulas. Aula, estudo, instrução, educação. Futuro. Futuro próspero de uma nação. Poderia fazer vários comentários sobre o que fazer, como e por que fazer para “mudar” o atual estado crítico, vergonhoso da educação no Brasil. Mas todos conhecem soluções, principalmente os governantes e políticos brasileiros! Falta, portanto, boa vontade, competência, atitude e vergonha na cara dos governantes!
A Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, divulgou o índice de desenvolvimento da Educação de 127 países. O Brasil aparece na  vergonhosa 88ª posição, atrás de Equador (80ª), Bolívia (78ª), - e muito longe dos  vizinhos Argentina (38ª), Uruguai (36ª) e Chile (49ª).  O insucesso na alfabetização infantil é um dos maiores vexames, falta de respeito a uma nação, seu povo passa a ser dependente de tudo!
Gandhi disse, certa vez: “Se queres progredir, não deves repetir a história, mas fazer uma história nova”. Esta máxima remete-me a outra: “Existem três tipos de governo: o que faz acontecer, o que deixa acontecer e o que não sabe o que acontece”.
De 1930 a 1980, o Brasil realizou proezas históricas. Saiu de um enorme atraso para um aparelhamento técnico-industrial surpreendente. Passou de 48ª economia do mundo para 8ª. Tudo parece ótimo. Não é verdade, nossos políticos continuam brigando pelo poder, esquecendo que seu povo continua péssimo em educação.
Sei que meus pais não esqueceram de mim e dos meus irmãos, mas todos os governos esqueceram de milhões e milhões de brasileiros ao longo destes 500 anos! De fato, esqueceram de dar educação, estudo, instrução ao povo brasileiro.
Segundo o colunista Cláudio Moura de Castro, a culpa é do tataravô. Sua observação é merecidamente ótima. O desleixo do passado deixou sequelas graves! Só nos últimos 50 anos é que o Brasil abriu um dos olhos.
Na Europa do século XVI, a Inglaterra precede do resto do mundo dita a primeira regra: toda criança de 6  a 12 anos deve estar na escola, cumprindo seis horas de jornada escolar. O país só acordou no século XX para aquilo que os ingleses já sabiam há 400 anos! Certo é que herdamos tantos males dos nossos tataravôs que, ainda hoje, mesmo tendo cultura e intelectualidade, uma minoria “escolarizada e intelectualizada” ainda não sabe votar num bom candidato.
É fácil perceber que o império que nos descobriu carregava o germe da exploração, burocracia, da corrupção. Infelizmente, esse vírus ainda persiste. Ainda continuamos em guerra neste rico-pobre país. Um país sempre na contramão!
Podemos manter a inflação e superávit primário sobre controle, a economia crescendo, reduzir e controlar juros e impostos, resolver os problemas de infraestrutura, segurança e saúde, e outros gargalos, porém, jamais controlaremos ou acabaremos com a corrupção, elegeremos verdadeiros líderes-administradores neste putrefato país, se o povo não tiver discernimento, bom senso, ou seja, não tiver estudo, instrução, cultura!  
Faculdades, universidades são importantes, contudo, o ensino básico é fundamental. Escolas públicas com boa infraestrutura, barata e acessível a todos, especialmente aos mais necessitados, professores capacitados e bem-remunerados, etc. Porque não podemos mais permitir que 25% dos nossos alunos da 4ª série sejam analfabetos (quatro anos estudando), e que 75% da população do Brasil, se ler este texto, não vai compreender!
Não podemos só pensar que a alfabetização é condição suficiente para nosso desenvolvimento, mas sabemos que é imprescindível para nosso rico-pobre Brasil.

Fonte: http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/sergio-belleza-educar-por-que/?cHash=88905fb0ea807f73d0d0fc49655cd187